Hoje tivemos o sétimo e último dia das disputas individuais do Judô nos Jogos Olímpicos de Tóquio 2020. Um dia com muita emoção, algumas decepções e uma grande surpresa. O Brasil contou com dois atletas experientes na disputa de hoje: Maria Suelen Altheman, na categoria +78kg do Judô Feminino, e Rafael Silva, na categoria +100kg do Judô Masculino.

Na disputa do judô feminino, estavam também presentes grandes favoritas como a cubana Idalys Ortiz, primeira do ranking mundial, a japonesa Akira Sone, quarta no ranking mundial, e a francesa Romane Dicko, sexta no ranking mundial, dentre outras.

A primeira luta de Maria Suelen Altheman foi contra Anamari Velensek (SLO), uma luta relativamente tranquila para Altheman. Aos dois minutos, a brasileira conseguiu um contra-ataque contundente, mas que por muito pouco não foi pontuado. Ainda assim, sempre ofensiva, Altheman acaba vencendo a luta quando Velensek recebe seu terceiro shido, sendo eliminada da disputa.

A segunda luta da brasileira foi contra Romane Dicko (FRA). Uma disputa entre a brasileira, quinta no ranking mundial, e a francesa, sexta no ranking. Uma disputa que seria dura, mas acabou dramática: aos dois minutos de luta, Altheman sofre uma lesão no joelho, sendo impossibilitada de continuar nos jogos olímpicos. Altheman foi atendida de imediato ainda no tatame, sendo que foi identificado que ela deverá passar por uma cirurgia assim que chegar no Brasil. O fim do sonho da última medalha do judô feminino para o Brasil.

Maria Suelen Altheman contra a francesa Romane Dicko – Jogos Olímpicos Tóquio 2020

Romane Dicko avança e passa a encontrar a cubana e número 1 do mundo Idalys Ortiz. Uma luta bastante disputada, sendo que aos dois minutos de luta Ortiz aplica um yoko sutemi waza e marca um wazari. Era tudo o que precisava para avançar para as finais, vencendo a francesa nas semi-finais.

Ortiz iria encontrar nas finais uma das favoritas da noite, que disputaria pela medalha de ouro em casa. Akira Sone (JPN). Uma final entre a número 1 do mundo e a número 4, que precisava garantir o ouro para o Japão. Uma luta que foi bastante dura e difícil, como era de se esperar, indo ao Golden Score. No Golden Score, o ritmo da luta começou a diminuir, sendo que as atletas começaram a receber shido. E aos 04:52 do tempo extra, a cubana recebeu seu terceiro shido, saindo com a medalha de prata, enquanto que o Japão se consagraria uma vez mais com o ouro olímpico.

Idalys Ortiz (CUB) e Akira Sone (JPN), uma verdadeira disputa de gigantes pelo ouro olímpico

Ranking Final – Categoria +78 kg – Judô Feminino

  • Ouro – Akira Sone (JPN)
  • Prata – Idalys Ortiz (CUB)
  • Bronze – Iryna Kindzerska (AZE) e Romane Dicko (FRA)
Medalhistas da categoria +78kg – Judô Feminino – Tóquio 2020

Teddy Riner – A grande caída de um campeão

Na disputa da categoria +100kg do Judô masculino, sem dúvida o grande favorito para a medalha de ouro era Teddy Riner, da França. Mas não o único. A categoria contava também com a presença do medalha de ouro nos jogos olímpicos do Rio 2016 na categoria -100kg, e quarto no ranking mundial, Lukas Krpalek (CZE), do número 1 do ranking mundial, Tamerlan Bashaev (ROC), além do fortíssimo Guram Tushishvili (GEO) e do nosso querido Rafael Silva (BRA). Uma categoria entre velhos conhecidos e fortíssimos judocas.

A primeira luta de Rafael Silva foi contra Ushangi Kokauri (AZE). A luta seguiu um pouco do ritmo já conhecido de Rafael Silva. Um pouco lento, muito kumikata, até encontrar o momento ideal para o ataque. Por conta disso, a luta foi para o Golden Score, sendo que com um minuto de tempo extra, Rafael Silva recebeu seu segundo shido. Era sinal de que ou atacava, ou atacava. Rafael Silva reagiu com um belíssimo Osoto Gari, vencendo a luta e avançando na disputa.

Seu próximo adversário seria Tushishvili, da Geórgia. A luta seguiu o mesmo roteiro da primeira luta. Um ritmo um pouco lento, muita disputa por pegada e muito shido. Infelizmente, para o Brasil, a quantidade de penalidades foi maior do que desejávamos. Rafael Silva recebeu o terceiro shido aos 41 segundos do Golden Score, sendo jogado portanto para a repescagem. Ainda havia chance de medalha, só precisávamos saber quem seria seu adversário.

Enquanto isso, aquele que era o centro das atenções, Teddy Riner, da França, fazia o seu trabalho. Venceu a primeira luta contra Stepahn Hegyi (AUT), por ippon e a sua segunda luta contra Or Sasson (ISR), com um wazari. Até que Riner confrontou o número 1 do ranking mundial, o russo Tamerlan Bashaev. Bashaev mostrou determinação, destreza e muita técnica, mesmo sendo menor que Riner. Uma luta muito disputada que foi ao Golden Score. Qualquer erro signifcaria estar fora da disputa por medalha de ouro.

Foi quando aconteceu o inesperado: Bashaev entrou com um Seoi Otoshi contra Riner, que defendeu bem e tentou jogar Bashaev para trás com um Daki Wakare. Nesse momento, Bashaev percebe a reação de Riner, e sem soltar a pegada, levanda, usa a força de Riner contra ele mesmo e o empurra para trás, fazendo Riner cair de costas no chão. Um wazari claro e límpido para Bashaev. Riner foi derrotado e não iria disputar pela medalha de ouro nas finais. Riner ainda teria chance de medalha. Bastava agora vencer Rafael Silva, do Brasil, na repescagem.

Rafael Silva contra Teddy Riner na repescagem – Tóquio 2020

A luta de Teddy Riner contra Rafael Silva não pareceu uma luta difícil para Riner. Assim como nas lutas anteriores, Riner estava arriscando algumas vezes técnicas de sacrifício, Sutemi Waza. E com Rafael Silva, seu ataque foi bem sucedido: no primeiro minuto de luta, Riner entra com um Sumi Gaeshi, transicionando diretamente para um Juji-Gatame, finalizando Rafael Silva e vencendo por ippon. O Brasil estava oficialmente fora da disputa por medalhas.

Na disputa pelo bronze, Riner confrontou o japonês Hisayoshi Harasawa, número 2 do ranking mundial. Uma luta muito disputada, pois o Japão não podia perder a chance de sua última medalha para o Judô Individual. Harasawa se manteve mais na defensiva, sendo penalizado com dois shido no tempo normal de luta. No Golden Score, Riner continua fazendo pressão contra Harasawa, fazendo com que o japonês recebesse seu terceiro shido. O Japão não teria medalhas nesta categoria, e Riner iria para casa com uma medalha de bronze, mas não totalmente desapontado.

Em uma entrevista após as disputas, Teddy Riner comentou sobre sua medalha de bronze: “É a medalha da coragem. Eu voltei de muito longe e não foi fácil. Meu técnico me motivou após as quartas-de-finais. Ele disse para me divertir e ganhar o bronze. Ok, não é ouro, mas ainda assim, é uma medalha olímpica. No fim das contas, estou um pouco frustrado mas ainda assim, feliz. Estes 5 anos foram muito difíceis, então não irei me queixar”

TEddy Riner, medalhista de bronze na categoria +100kg do Judô Masculino

A disputa pelo ouro se deu entre dois grandes favoritos: Lukas Krpalek (CZE) e Guram Tushishvili (GEO). E que grande luta, digna de uma grande final. A luta foi muito apertada, muita disputa de pegada e Krpalek chegou a receber duas penalidades, correndo o risco de voltar para casa com uma prata se não se movimentasse e atacasse. Tushishvili estava pronto para ganhar e faltando trinta segundos para o final da luta, Tushishvili entra com um belo Seoi. Porém, Krpalek reage, defende e contra-ataca com um Sumi-Gaeshi, marcando um wazari, e conecta de imediato um Osakomi-waza, imobilizando Tushishvili com um yoko-shiho-gatame, garantindo um ippon. Lukas Krpalek é coroado com a medalha de ouro na categoria +100 kg, sua segunda medalha de ouro olímpica. Venceu com um verdadeiro espírito de campeão. Que belo encerramento das disputas individuais do Judô nos Jogos Olímpicos de Tóquio 2020.

Lukas Krpalek – Medalha de ouro na categoria +100kg – Judô Masculino

Resultado Final – Categoria +100kg – Judô Masculino

  • Ouro – Lukas Krpalek (CZE)
  • Prata – Guram Tushishvili (GEO)
  • Bronze – Teddy Riner (FRA) e Tamerlan Bashaev (ROC)
Medalhistas da categoria +100kg do Judô Masculino – Tóquio 2020