Os Jogos Olímpicos de Tóquio 2020 se encerraram oficialmente neste dia oito de agosto. Foi uma edição diferente, por conta da pandemia, mas ainda assim, bastante especial e com muito a se celebrar.

Um dos fatos gerais bastante interessantes desta edição é que a equidade de gênero foi alcançada: 49% dos atletas desta edição foram atletas mulheres. Além disso, é a primeira edição dos Jogos Olímpicos que contou com a participação aberta de atletas transgênero. Como destacou o presidente da Human Rights Campaing, Alphonso David:

Esta foi uma semana histórica para atletas transgêneros e não binários nas Olimpíadas, mostrando mais uma vez que atletas transgêneros podem e devem participar do mais alto nível de esportes sem incidentes. Como acontece com todos os atletas, alguns conseguiram atingir seus objetivos, enquanto outros não. Independentemente de terem ou não medalhas, os atletas transgêneros e não binários que se juntaram ao cenário mundial nas Olimpíadas deste ano deram um exemplo do que os jovens trans e não binários podem aspirar, provando mais uma vez que a representação é importante e os jovens as pessoas merecem modelos em todas as esferas da vida. (Alphonso David, HRC)

A representatividade contou muito nesta edição, e outros dos grandes exemplos foram as garotas do Skate, como a brasileira Rayssa Leal, de 13 anos de idade, conhecida como “Fadinha”, que levou o prata na modalidade Skate Street, e sua amiga de mesma idade, a britânica Sky Brown, que levou o bronze na modalidade Skate Park. Estas garotas não somente passaram a inspirar jovens garotas por todo o mundo, como também demonstraram o que é o espírito olímpico verdadeiro: um espírito de amizade, de apoio, de compreender a vitória mesmo quando não chega uma medalha. Não é a toa que nas redes sociais, o Skate foi uma das modalidades com mais participação e comentários positivos e inspiradores. O espírito do Olimpismo presente em essência na participação destas garotas de pouca idade mas de espírito gigante.

A brasileira Rayssa Leal (13 anos) e sua amiga, a britânica Sky Brown (13 anos), ambas medalhistas olímpicas em Tóquio 2020.

Vale lembrar também que as Olimpíadas de Tóquio 2020 foram as olimpíadas mais sustentáveis da história. Todas as medalhas olímpicas foram produzidas com material 100% reciclado. As cerca de 5 mil medalhas olímpicas foram produzidas à partir de quase 79 toneladas de aparelhos eletrônicos, entre eles celulares, câmeras, computadores, etc. Além disso, todas as camas dos dormitórios, usadas pelos atletas, foram feitas de papelão, para que pudessem ser recicladas após os jogos olímpicos, e os pódios foram construídos à partir de lixo plástico coletados do mar. Vale lembrar que lutar por ações que preserve o meio ambiente e ajude a combater a mudança climática faz parte de um chamado internacional feito pela Federação Internacional do Judô, afinal, Jita Kyoei significa também preservar o meio ambiente. Não há benefício mútuo se não há um planeta que podemos compartir de modo sadio.

Brasil, Judô e Tóquio 2020 – Resultados

Para o Brasil, esta edição dos Jogos Olímpicos de Tóquio 2020 também foi uma edição de recordes. Foi a nossa melhor participação em Jogos Olímpicos, com 21 medalhas no total. A já citada Rayssa Leal se consagrou a medalhista olímpica mais jovem da história do Brasil. Eo Judô, como sempre, continua sendo o esporte que históricamente mais trouxe medalhas ao Brasil.

A participação do Judô nesta edição especificamente não foi a nossa melhor. A equipe olímpica brasileira de Judô encontra-se em uma espécie de momento de transição, pois contou com a participação de alguns atletas bastante experientes, e outros com pouca experiência, sendo isso talvez o que provocou o resultado pouco esperado. (Confira nossos posts anteriores com a análise detalhada de cada dia das disputas do Judô nos Jogos Olímpicos de Tóquio 2020). Mas ainda assim, o Brasil continua sendo uma potência bastante respeitada no judô mundial, com promessas de muitas medalhas no próximo ciclo olímpico, e quem sabe, um resultado surpreendente nos Jogos Olímpicos de París 2024.

Na disputa por equipes, a equipe brasileira, apesar de ter terminado em sétimo lugar, manteve sua presença como potência mundial do Judô

Judô nos Jogos Paralímpicos de Tóquio 2020

Mas com o fim dos jogos olímpicos, vem o início dos Jogos Paralímpicos de Tóquio 2020. E o Brasil chega novamente com um outro recorde: esta será a edição dos Jogos Paralímpicos em que o Brasil envia mais atletas: serão 253 atletas e uma delegação de 422 pessoas no total. A maior delegação já enviada pelo Brasil aos Jogos Paralímpicos.

No Judô, nossa participação será igualmente importante, pois estaremos participando com oito judocas, dentre eles, o quatro vezes medalhista de ouro paralímpico Antônio Tenório (-100kg) e a atual campeã mundial e número 1 do ranking mundial, a medalhista paralímpica Alana Maldonado (-70kg), dentre outros favoritos e também medalhistas paralímpicos. A equipe completa do Judô Paralímpico Brasileiro é:

  • Lúcia Araújo (-57kg)
  • Alana Maldonado (-70kg)
  • Meg Emmerich (+70k)
  • Thiego Marques (-60kg)
  • Harlley Arruda (-81kg)
  • Arthur Silva (-90kg)
  • Antônio Tenório (-100kg)
  • Wilians Araújo (+100kg)

A diferença entre o Judô Olímpico e o Judô Paralímpico não é tão grande. Assim como no Judô Olímpico, o Judô Paralímpico tem a mesma divisão de categoria por peso. Mas as lutas só começam quando os atletas fazem a pegada no judogi do oponente. Isso porque, existe uma divisão do Judô Paralímpico que não existe no Judô Olímpico, que é a divisão pelo grau de deficiência visual. A divisão é a seguinte:

  • B1 – Cego total: de nenhuma percepção em ambos os olhos até a percepção de luz com incapacidade de reconhecer o formato de uma mão a qualquer distância ou direção.
  • B2 – Lutadores que têm a percepção de vultos, com capacidade em reconhecer a forma de uma mão até a acuidade visual de 2/60 ou campo visual inferior a cinco graus.
  • B3 – Lutadores conseguem definir imagens. Acuidade visual de 2/60 a 6/60 ou campo visual entre cinco e 20 graus

Por isso, antes de iniciar a luta, o juiz posiciona os dois atletas frente a frente, eles fazem a pegada, e somente assim a luta pode iniciar. Além disso, os atletas da categoria B1 possuem nas mangas do uwagi, da jaqueta do Judogi, um círculo vermelho, para identificá-los como atletas que não possuem nenhuma percepção visual.

A judoca e ex-atleta olimpica Ednanci Silva treinando com o campeão paralímpico Antônio Tenório na quinta fase de treinamento para os Jogos Paralímpicos de Tóquio 2020

Os Jogos Paralímpicos de Tóquio 2020 começam no dia 24 de Agosto de 2021, indo até o dia 5 de Setembro de 2021. Esperemos que seja uma edição de muitos recordes e representatividade como foi a edição do Jogos Olímpicos de Tóquio 2020. Que venham mais medalhas para o Brasil.

E para conhecer melhor um de nossos favoritos do Judô Paralímpicos, confira a entrevista abaixo com o 6 vezes medalhistas paralímpico (4 medalhas de ouro) Antônio Tenório: